Também chamado de câncer colorretal, o câncer de cólon e reto está entre os de maior incidência entre a população brasileira. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), apenas no ano de 2020 são esperados mais de 40 mil novos casos deste tumor maligno que afeta a parte final do tubo digestivo, com proporção semelhante de diagnósticos em mulheres e homens.
O câncer de cólon é uma neoplasia maligna do intestino, com origem principalmente em pequenas lesões chamadas pólipos adenomatosos. Esses pólipos são benignos e demoram cerca de 10 anos para evoluir para câncer, o que favorece o tratamento através da ressecção. Quando descoberto precocemente, a ressecção dos pólipos impede a evolução para tumores malignos.
O câncer de cólon pode estar relacionado a maus hábitos alimentares. Fatores ambientais e genéticos podem aumentar a probabilidade de o indivíduo desenvolver a doença. A suscetibilidade hereditária representa um aumento de risco mais marcante do que os demais fatores que favorecem a neoplasia, mas a maioria dos casos são considerados esporádicos e não familiares.
Índice
Saiba mais sobre cânceres de intestino
Localizado entre o intestino delgado e o ânus, o intestino grosso é a parte final do tubo digestivo e pode ser dividido entre reto e cólon. O cólon, por sua vez, divide-se entre: cólon ascendente (localizado na parte direita do abdômen), transverso (que atravessa a parte superior do abdômen, da direta para a esquerda), descendente (na parte esquerda do abdômen) e sigmoide — que tem forma de S e se conecta ao reto.
O cólon é um órgão tubular que tem a função de continuar o processo digestivo, extraindo água e sais minerais dos alimentos digeridos, além de absorver vitaminas essenciais para o organismo. Como consequência, o conteúdo fecal se torna mais pastoso e sólido, tomando forma à medida que é conduzido ao longo do cólon.
O câncer de cólon se origina na mucosa que reveste o intestino, e tem como principais sintomas:
- Obstipação (intestino preso) ou diarreia que não passa;
- Presença de sangue nas fezes;
- Perda de apetite;
- Distensão abdominal;
- Perda de peso inexplicável;
- Dores abdominais e/ou ao evacuar.
Diagnóstico e fatores de risco
Como foi explicado, o câncer de cólon se desenvolve lentamente, muitas vezes não apresentando sintomas em seus estágios iniciais. Por isso, é recomendado que o rastreamento seja feito em todas as pessoas com idade acima dos 50 anos, independentemente de apresentarem sintomas suspeitos para a doença ou não.
O principal exame indicado para rastreamento deste tipo de tumor é a colonoscopia. Para indivíduos com significativo histórico familiar de câncer, a indicação para rastreamento da doença deve ser individualizada após a consulta de aconselhamento genético, começando em idade mais precoce.
Caso a doença seja diagnosticada, o passo seguinte será realizar exames de estadiamento para verificar a extensão do tumor. Nesta etapa, os exames solicitados são marcadores (CEA, CA19.9), tomografias ou a ressonância magnética, se indicada.
Além do acompanhamento realizado pelos exames de rotina, é importante estar atento aos fatores de risco associados ao câncer de cólon, para preveni-los. Os principais fatores que aumentam as chances de um indivíduo desenvolver a doença são:
- Sedentarismo;
- Alimentação rica em carnes vermelhas e comida processada, além de dieta pobre em fibras;
- Consumo de bebidas alcoólicas;
- Presença de doenças inflamatórias intestinais, tais como colite ulcerativa e doença de Crohn;
- Síndromes familiais de câncer.
A Oncogenética na prevenção do câncer de cólon
É importante que indivíduos que possuem forte histórico familiar de câncer de cólon consultem um especialista em Oncogenética para avaliar os riscos e identificar a melhor forma de prevenir a ocorrência da doença.
Existem diversas síndromes hereditárias que podem estar associadas ao elevado risco de desenvolver esta neoplasia, e aproximadamente 15% dos tumores de início precoce têm relação com elas.
É possível considerar que pessoas com um único parente de primeiro grau com diagnóstico de câncer de intestino têm risco aumentado para a doença. Este risco se eleva ainda mais se há mais familiares com a doença. Mas nem sempre uma síndrome hereditária é diagnosticada nestas famílias.
Por isso, é fundamental procurar um oncogeneticista para analisar o histórico familiar e decidir sobre a necessidade de realizar um teste genético e um acompanhamento mais frequente.
Principais síndromes hereditárias para câncer de cólon
A Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e a Síndrome de Lynch são as mais comuns entre as síndromes de predisposição ao câncer de cólon hereditário. Mesmo com a relação das duas síndromes com o câncer de cólon, elas são agentes causadores do tumor em apenas 5% dos diagnósticos.
Polipose adenomatosa
A polipose adenomatosa, juntamente com suas variantes, representa menos de 1% dos casos de câncer de cólon. A PAF é causada por mutações em um gene localizado no cromossomo 5, e os sintomas desta alteração aparecem por volta dos 16 anos de idade. Estima-se que 90% dos indivíduos que carregam esta mutação desenvolvam a neoplasia.
A polipose familiar atenuada também carrega um elevado risco para desenvolvimento dos tumores malignos de cólon, mas a idade média do diagnóstico é de 54 anos de idade.
Polipose associada a MUTYH
Esta é uma síndrome que ocorre devido a mutações no gene mutY. A consequência dessa mutação é o desenvolvimento da Polipose Adenomatosa Familiar (PAF).
Síndrome de Lynch
Essa é uma síndrome hereditária, passada de pais para os filhos, e considerada mais comum que a PAF, sendo responsável por aproximadamente 3% de todos os adenocarcinomas de cólon. Em geral, quando o indivíduo apresenta um significativo histórico familiar de câncer de cólon ou endometrial, suspeita-se da Síndrome de Lynch.
Os tumores colorretais apresentados por paciente com Síndrome de Lynch, geralmente, começam a se desenvolver em idade precoce: embora a média do diagnóstico seja aos 48 anos, há registros de pacientes diagnosticados muito antes de atingir esta faixa etária.
Como tratar o câncer de cólon e reto e qual o índice de recuperação?
O tratamento do câncer de cólon e reto geralmente envolve cirurgia e quimioterapia, podendo incluir também sessões de radioterapia. O procedimento cirúrgico é necessário em todos os casos de tumores localizados, e consiste na remoção da parte doente com uma margem de segurança e dos linfonodos próximos à região.
Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de recuperação. A possibilidade de recidiva varia de acordo com o estadiamento clínico da doença.
Devido ao impacto da hereditariedade nos casos de câncer de cólon, é importante que pacientes com casos confirmados da doença e com suspeita de predisposição hereditária façam consulta preventiva com o oncogeneticista. Esta medida colabora para a detecção precoce da doença e aumenta as chances da cura deste tipo de câncer.
Fontes:
Instituto Nacional de Câncer — Inca;
Oncogeneticista Dra. Elizabeth Santana.